terça-feira, 8 de outubro de 2013

It´s Brazilian Music, baby.

O Brasil é um dos principais exportadores de café, carne, milho, laranja, e também de música e músicos de altíssima qualidade. O legado de Tom Jobim, Luiz Gonzaga e Milton Nascimento continua vivo e encontra, nessa nova safra de excelentes instrumentistas brasileiros, seus maiores militantes.

Somente um país com tantos contrastes, miscigenações, diversidade, e tamanha musicalidade em suas veias, seria capaz de gerar tantos talentos, tantos filhos de quem se orgulhar.
São artistas raros, são filhos de uma pátria mãe nem sempre tão gentil, que se levantam todos os dias com a esperança de chegar lá. De mostrar ao mundo do que o Brasil é capaz, de vestir verde amarelo no palco e, sorrindo, dizer: "It´s Brazilian Music, baby!"

No anfiteatro, sob o céu de estrelas
Um concerto eu imagino
Onde, num relance, o tempo alcance a glória
E o artista, o infinito
(Chico Buarque de Holanda)

Artistas que enchem uma nação de orgulho, nossos instrumentistas impressionam até mesmo alguns dos músicos mais incríveis do mundo. São guitarristas, baixistas, ritmistas e outros músicos, todos de categoria internacional. Eles estão acompanhando, produzindo e gravando com artistas consagrados, de todos os gêneros, mas além de "emprestar" sua musicalidade para artistas de grande vendagem, são grandes solistas, e acima de tudo, grandes compositores.

Na internet, em algumas lojas virtuais, e mais raramente em prateleiras de lojas de disco, você pode encontrar alguns dos maiores músicos do planeta, a maior parte das vezes na sessão de música instrumental, ou se preferir chamar de outro jeito: "underground".

A revolução digital e o despertar de algumas empresas e entidades para a necessidade de abrir portas de divulgação e apoio para essa riqueza cultural, patrimônio da nação, está permitindo que a música brasileira de qualidade volte a crescer e, novamente, influencie o mundo.
Mas os desafios ainda são vários: o Brasil é um país muito grande, não existe um sistema formal de ensino musical que favoreça o mapeamento de talentos, e as iniciativas privadas, quase sempre incentivadas, não são suficientes. "Same old, same old", há tantos projetos bons, mas a triste realidade é que apenas 4% dos projetos de incentivo aprovados são efetivamente captados.

Quanto mais empresas perceberem que o investimento em cultura não deve provir somente de fundos de incentivo e redução de impostos, mas sim de verba direta de marketing institucional, mais projetos serão implementados, em uma poderosa combinação entre corporações, sociedade e governos. Afinal, praticar responsabilidade social investindo o dinheiro que seria destinado a impostos em cultura traz uma conotação Hobin Hood, mas poucas empresas tem coragem de aplicar um percentual de suas margens de lucro em projetos culturais e sociais. As que fazem, essas sim, merecem o "awareness" que estão buscando com a ação, e mais, aplausos.

Quer um exemplo?
Uma grande cervejaria investiu mais de R$ 20 milhões em patrocínio de um grande festival de rock. Fez ativação direta com o público, vendeu mais de 1 milhão de copos e 500 mil litros de chopp, (alguns para mim). Um estudo da Millward Brown indica um crescimento de 50% de awareness dessa marca após o evento. E ainda reciclaram copinhos! Tudo muito bonito.

Mas, vamos imaginar o seguinte: se o custo para lançar mil cópias de um disco é de R$ 10.000,00 essa mesma marca poderia ter "patrocinado" o lançamento do disco de 2 mil dos melhores músicos do país e do mundo com essa mesma verba. Seriam 20 milhões de unidades de CD´s de música boa nas lojas físicas e virtuais. Algo do tipo, mais de setenta artistas de cada estado do Brasil teriam seus CD´s gravados e lançados. Nada mal heim?

Agora, pense em proporções menores, se a sua empresa, em vez de pagar 180 mil reais e contratar a Anitta para fazer o show da festa de fim de ano, levasse uma banda de baile que custasse quinze mil e investisse o resto em cultura... o que daria pra fazer, se a responsabilidade social fosse uma verdade independente da redução de impostos?

Agora, se você ainda prefere o show da Anitta por achar mais "motivador", não sei como passou do segundo parágrafo.

Viva o Brasil! Viva a cultura brasileira! Viva nossa música e nossos músicos! It´s Brazilian music, baby!


por Ney Neto

Nenhum comentário:

Postar um comentário